quinta-feira, agosto 23, 2007

Arte da Guerra: Ser o mestre de si mesmo

Por onde eu ando? Essa é a pergunta que não quer calar. Muito tempo sem postar, sem passar por aqui, mas com certeza, tenho vivido. Passou meu aniversário, 25 anos, 1/4 de século, festinha no Dhomba com os amigos, comemoração em família e com os colegas de serviço. No big deal, foi legal e ganhei bons presentes. Mas o que me motiva a escrever agora? Não é meu aniversário, nem o podcast e nem tédio. Apenas estava pensando sobre alguns ensinamentos do Caminho.

"Em ninguém - ninguém neste mundo você pode confiar. Nem no homem, ou mulher, ou animal. Apenas nisto você pode confiar: a espada."

Entendo este ensinamento no sentido de que nada no mundo está totalmente sob seu controle, exceto o que você mesmo faz. Pessoas têm suas próprias vontades, aspirações, sonhos e instintos, e não podemos culpá-los quando preferem seguir o coração ao invés da razão. Está não apenas na natureza humana, mas na própria origem animal da qual nós viemos, priorizar nossas próprias necessidades ou direitos (ou o que acreditamos ser nossa necessidade ou direito) em detrimento das necessidades ou direitos dos outros.

Em função disto que o Caminho diz que não podemos confiar em ninguém, seja homem, mulher ou animal. Não que as pessoas irão lhe trair, apenas que eventualmente elas tomarão um curso de ação diferente do que você considera o correto a ser feito. E isto não é errado. Apenas não podemos contar que os outros farão o que é melhor ou mais certo segundo nosso próprio ponto de vista.

Apenas na espada podemos confiar, pois a espada é sempre sincera, sempre direta, e nunca mente. Eventualmente, a espada pode ferir ao seu mestre, mas aí precisamos entender que não foi a espada que desferiu o golpe, e sim o próprio mestre que, por descuido, lhe deu o movimento errado. Nossa mente e nossas ações são nossas armas, nossas espadas, e somente nelas podemos confiar totalmente.

Aquele que for seu próprio mestre, mestre de sua mente e de suas ações, será o mestre de sua espada, e por ela não será ferido. Musashi Sensei disse em seus ensinamentos:

"Não pense de maneira desonesta.
O caminho está no treinamento.
Se torne familiar de todas as artes
Conheça os caminhos de todas as profissões
Aprenda a distinguir vitória de derrota
Desenvolva um julgamento intuitivo e entendimento de tudo
Perceba o que não pode ser visto
Preste atenção até mesmo às trivialidades
E não faça nada que não seja útil."


O verdadeiro mestre de si mesmo percebe, conhece e compreende o mundo que o cerca. Não existem grandes mistérios para ele, e ele está sempre disposto a descobrir o que é novo, afim de entender e se adaptar à cada pequena mudança do mundo. O verdadeiro guerreiro não domina apenas a arte da espada, do combate, mas se dedica a cada detalhe de sua vida com a mesma atenção e importância que se dá ao cuidado com sua espada, antes de cada batalha.

Os antigos samurais eram não apenas guerreiros inigualáveis, mas também estudiosos que se dedicavam à filosofia, matemática, caligrafia, pintura, música, dança, teatro e todas as formas de arte e conhecimento, buscando sempre a perfeição em cada detalhe do que faziam. Até mesmo a limpeza de suas casas, roupas e pertences era encarado como uma tarefa sagrada e importante. A cerimônia do chá demonstra a importância de se buscar a perfeição em cada pequeno detalhe de nosso dia-a-dia.

Com paciência e persistência, até a mais alta das árvores pode ser derrubada. Não existe tarefa grandiosa demais ou pequena demais, que um homem não possa cumpri-la. Está no entendimento desta questão o segredo para a realização profissional e pessoal. Feliz não é aquele que faz somente o que gosta, e sim aquele que gosta de tudo o que faz. Acordar todas as manhãs e encarar cada dia como uma oportunidade para vencer novas batalhas, novos desafios, e alcançar cada vez mais o crescimento e iluminação que faz de cada um uma peça única do grande plano das coisas. Este é o caminho do guerreiro.

A grandeza de uma vida se constrói nos detalhes.