quarta-feira, junho 28, 2006

Música: My Player Ipanema

E não é que a Rádio Ipanema saiu na frente na interatividade?

A rádio lançou ontem o programa My Player Ipanema, no qual a programação das madrugadas será literalmente feita pelos ouvintes. Através do site da rádio, os ouvintes cadastrados poderão eles mesmos montar a programação da madrugada, escolhendo cada um uma música e uma vinheta para tocar.

A escolha é feita a partir de uma base de aproximadamente 3000 músicas, e não passa por nenhum tipo de filtro por parte dos comunicadores da rádio. É interatividade total mesmo, sem censura, tendo como único critério ter a escolhida na base de músicas disponibilizada pela rádio.

Ontem o comunicador da rádio Eduardo Santos falou no ar sobre o lançamento do programa, dizendo que a rádio só fez isso pois sabe os ouvintes que tem, e por isso se sentiu segura para largar essa responsabilidade na mão do público. Eduardo acrescentou também que o programa de estréia já deixava bem evidente a principal característica da rádio e dos ouvintes da mesma: uma programação totalmente eclética, porém de altíssima qualidade.

Ao contrário de outras rádios, que disponibilizam sempre as mesmas poucas dezenas de músicas, e mesmo assim evita tocar músicas muito alternativas ou que não estejam com um forte apelo comercial no momento, a Ipanema entregou a programação da madrugada para os ouvintes, o que com certeza vai refletir o que de fato o pessoal gosta de ouvir (e não apenas o que os ouvintes estão acostumados a ouvir, por imposição comercial de outras rádios).

Para participar da programação, basta acessar o www.ipanema.com.br, e clicar em "My Player". Fazendo o cadastro, você terá acesso à base de músicas e vinhetas, e poderá dar sua contribuição para o programa da próxima madrugada. Cada ouvinte cadastrado tem direito a escolher uma música e uma vinheta por dia.

Eu já fiz minha contribuição para hoje, estreando no melhor estilo portoalegrense, com o hino Amigo Punk, da Graforréia Xilarmônica, que vai rodar por volta da 1h40 da madruga, com vinhetinha da "zona sul". A sintonia da rádio é 94.9 FM, e para quem não é de Porto Alegre, pode curtir a rádio direto pelo site também. Atualmente a rádio é a que melhor define a cara de Porto Alegre, a única rádio "college" da capital gaúcha.

Parabéns para a rádio pela iniciativa.

quarta-feira, junho 14, 2006

Webdesigner x "O Guri do 404"

Um texto meio antigo, escrevi no ano passado, mas acho que ainda é bastante atual. É um dos meus textos prediletos, dentre os muitos que escrevi no blog antigo.


:: Webdesigner x "O Guri do 404" ::

Eu estava pensando dia desses. As áreas ligadas à informática sofrem da falta de um conselho que regule a profissão, e faz com quem qualquer um que "saiba" alguma coisa sobre o assunto possa exercer. Qualquer um se diz "técnico", e desvaloriza a profissão e os profissionais como um todo. E isso se agrava quando falamos de internet.

Existem muitas diferenças entre um profissional que estudou realmente sua profissão, com fundamentação teórica, com conhecimentos provenientes de pesquisas bem elaboradas, e experiência séria no mercado, e um "curioso", que leu alguns livros, baixou alguns programas e apostilas, e aprendeu tudo na prática, sem um conhecimento profundo e real do assunto.

Na informática, existe um personagem fictício chamado "o guri do 404", que é aquele filho do vizinho que a gente sempre ouve falar quando passamos um orçamento. "Tudo isso? Mas o filho do vizinho do 404 disse que faz pra mim, e me cobraria menos da metade disso". Bem, sempre que eu escuto isso de um cliente, tento negociar, e se o cliente bater muito na tecla do preço estar muito alto, dispenso o job. Isso mesmo, eu dispenso o cliente.

Como não dependo do trabalho de webdesigner para viver, afinal tenho outra ocupação pela qual sou relativamente bem pago, me dou ao luxo de escolher para quem trabalho, e quais trabalhos vou pegar. Também por não depender dos jobs como webdesigner e designer, acabo por manter uma tabela de preços um pouco abaixo da média do mercado, mas não muito. Quando um cliente reclama do preço, é o primeiro passo para perder pontos comigo e acabar por ser dispensado em um job futuro.

A diferença entre um bom profissional e "o guri do 404" não é apenas o preço. A tendência da sociedade é inundar cada vez mais o mercado com os "falsos profissionais", pois nos últimos anos a profissão de design ganhou cada vez mais visibilidade, e hoje as pessoas vêem os profissionais dessa área como "pessoas de glamour e sofisticação". Tem muita gente por aí que estufa o peito na hora de falar "sou webdesigner", mas sem nunca realmente ter ido além de algumas brincadeiras no Photoshop e no Frontpage.

A própria expressão "design" hoje em dia foi subvertida, e temos novos profissionais por aí se entitulando "hair designers", "fashion designers", "living designers", quando na verdade são cabeleireiros, costureiros e decoradores. Pessoas são engraçadas, mas esse é outro mérito. O que eu quero demonstrar nesse parágrafo é um dos motivos pelos quais a profissão de design está tão mal cotada. Qualquer um se diz "designer" ou "webdesigner" hoje em dia, e os clientes passam a achar que estão fazendo um favor ao contratar um profissional.

Hoje, ao mesmo tempo em que um designer é uma pessoa que detém um grande status na sociedade, academicamente ainda carece de reconhecimento no mercado. Não existem pesquisas válidas e amplamente divulgadas na área, ao contrário de outras profissões mais técnicas ou científicas. Atualmente, design é visto somente como "estética", quando na verdade profissionais sérios se preocupam também com outros aspectos do design que são ignorados pelos leigos e curiosos.

Design não é apenas estética, não é apenas "fazer coisas bonitinhas". Design hoje em dia engloba conceitos como combinações cromáticas, ergonomia, praticidade, familiaridade, identificação, marketing; design hoje é vender, é desenvolver um ambiente não apenas atraente, porém prático e confortável, é fazer com que o usuário e/ou cliente realmente compre o que está vendo. Design é fidelização!

O profissional que se diz designer ou webdesigner hoje tem muito mais responsabilidade do que se imagina. O bom profissional da área deve compreender os diversos conceitos agregados ao serviço, e desenvolvê-los de maneira responsável, primando sempre pela qualidade. O bom profissional sabe o valor que tem, e por isso mesmo acaba "custando mais caro".

E agora, falando em "custo", entra um outro detalhe. O bom profissional não "custa", é um investimento. No momento em que algo passa a ter "custo" em uma campanha, deixa de ser necessário. O leigo ou curioso sim custa, pode até custar pouco, mas é custo. O que é pior para uma empresa? Ter um custo baixo ou um investimento? Depende do resultado esperado. Garanto que o "guri do 404" não vai dedicar boa parte de seu tempo a estudar e desenvolver seus conhecimentos, investir em cursos, seminários, livros, revistas, deixar seus joguinhos online de lado para estudar, pois se o fizer, vai acabar cobrando mais por seus serviços, e deixará de ser um leigo, entrando para o hall dos "profissionais".

Porque contratar um profissional de design? Pela mesma razão que se contrata um profissional de engenharia ou arquitetura, ou um construtor. Qualquer um pode desenhar uma casinha, qualquer um pode empilhar uns tijolos, mas são esses profissionais que têm o conhecimento teórico e prático real, que se especializaram, para realizar tais funções de maneira competente e segura, e que têm certificados e diplomas que confirmam sua capacidade. Você entregaria o projeto da sua casa para o filho do vizinho que leu um livro sobre construção e fez uma casinha de cachorro para treinar? É a mesma coisa.

A área de design ainda carece de boas pesquisas e trabalhos sérios que tratem do assunto de maneira mais técnica e menos sensacionalista, mas já existem pesquisas e conceitos bem desenvolvidos, que são usados pelos profissionais sérios da área. Como em toda profissão, existem bons e maus profissionais, resta ao cliente decidir que tipo de resultado ele espera, e arcar com as consequências de tal escolha. Resta ao cliente saber se quer um baixo custo, ou um investimento.